Coringa O Filme – Fruto Da Imaginação De Arthur Fleck


Caro leitor, vou deixar aqui o resumo do filme Coringa, filme este com uma narrativa absolutamente impressionante e complexa. O filme pode levar a várias interpretações por parte do telespectador, mas na verdade possui um desfecho definido.

A história toda, conta um drama imaginário, criado mentalmente por um paciente preso em um hospital psiquiátrico em Nova York, no início da década de 80. A história imaginária passa na mente perturbada de Arthur Fleck, personagem central da trama mental, interpretado de forma extraordinária por Joaquin Phoenix.

Arthur Fleck, um paciente desse manicômio, coloca toda sua revolta e perturbação em uma história que ele constrói minuciosamente em sua mente. Em uma correlação direta com o personagem Coringa dos quadrinhos (criado na década de 1940), revela aos poucps uma mente com um mundo imaginário bem próximo ao mundo personagem.

O filme portanto, é a história imaginária da cabeça de um maluco internado, e que talvez pode retratar o sonho dele (Arthur Fleck), em se parecer com o Coringa verdadeiro.

O filme inteiro é fruto da imaginação do Arthur Fleck. Ele nunca saiu do hospital psiquiátrico. A dinâmica do filme só pode ser entendida na cena final. O cara é tão louco que até na “próxima piada ou piada final” (na cena final), ele mantem a continua imaginação perturbada e imagina matar a assistente social e sair no corredor com pegadas de sangue (por isso ele diz que ela não iria entender). Reparem que na cena final, o local e momento da morte dos pais de Bruce Wayne, está unicamente na mente dele (tanto que a risada dele está na cena – é a mente dele). Certamente Arthur incorpora o personagem Coringa em sua imaginação, e deseja ser o próprio. Ele não é o Coringa. Ele imagina ser o Coringa à maneira dele. Não há o momento da prisão, pois ele sempre esteve no hospital prisão, possivelmente conversando sempre com a assistente social, e ao mesmo tempo fantasiando toda a história. O Filme está cheio de detalhes que revelam.

Confesso que depois de entender a lógica do filme Coringa, fiquei um pouco decepcionado, mas ao mesmo tempo impressionado com a capacidade de produção de uma trama com entendimento tão complexo.

Vejam apenas alguns, dentre os vários exemplos que revelam uma história imaginária, complexa e surpreendente”

1 – “Os” relógios De Parede e De Ponto

O relógio na parece da “assistente social imaginária”, está no horário do relógio da parede do hospital psiquiátrico, em que o “Coringa” (Arthur Fleck), esteve internado e que na verdade nunca saiu de lá. A segunda foto precede na linha do tempo, e revela a mente de Arthur em uma vida imaginária fora do hospital. Os “dois” relógios marcam 11h:11min.

O relógio de ponto da Agência haha também marcava o mesmo horário do sanatório (cena em que ele arruma suas coisas e se despede da agência após sua demissão). É como se a mente do Arthur mantivesse o horário real nas cenas imaginárias.

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2 – Namorada Imaginária

A trama do filme, tem a inserção de um relacionamento imaginário de Arthur Fleck com sua vizinha Sophie (interpretada por Zazie Beetz). Em várias cenas Arthur matem um início de namoro com sua vizinha. Surpreendentemente um narrativa do imaginário de Arthur, dentro de uma história também imaginária. É uma tremenda sacada para confundir ainda mais a cabeça do público, sobre o que seria realmente real ou não em todo o filme. Em especial esse namoro imaginário é revelado assim o ser, dentro do próprio filme!

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3 – Arthur Assiste Murray

Arthur Fleck assiste com sua mãe (Penny Fleck) o programa do apresentador Murray Franklin (interpretado por Robert De Niro). Claramente mostra a imaginação de Arthur, sonhando dentro de sua própria imaginação (sonho dentro de um sonho), sua participação no programa de TV. Revela a carência do personagem em busca da presença de um pai. Ao mesmo tempo em que da a falsa impressão que não seria tão complicado a interpretação do filme todo.

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4 – A Arma De 6 Tiros

Na mente de Arthur tudo é possível. A direção do filme dá importância em revelar o modelo da arma que Arthur recebe de seu amigo palhaço. É um revolver Calibre 38 de 6 tiros. Porém na cena que Arthur mata os 3 investidores, ele efetua 8 disparos, sem o tempo de recarregar devido a dinâmica do momento imaginado.

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5 – O Interrogatório de Penny Fleck

Olha ele lá em um segundo plano imaginário! Esse momento é super interessante. Certamente o que deixa mais claro a imaginação de Arthur. Para muitos pode ter passado desapercebido, mas a presença imaginária de Arthur Fleck no interrogatório de sua mãe Penny Fleck, mostra a total viagem mental de Arthur. Reparem que ele nunca teria conhecimento do momento em que sua mãe fora interrogada, sobre sua condição mental (dela a Penny) e os maus tratos que seu filho sofreu durante a infância, se não fosse uma total construção de sua própria imaginação. Ele mesmo (Arthur Fleck) cria a possibilidade de ser irmão de Bruce Wayne, quando imagina sua mãe sendo forçada a assinar papéis falsos de adoção. Que filme fantástico!

coringa o filme - fruto da imaginação 2

6 – Os comentários do apresentador Murray

Mais um detalhe que revela a história imaginária na mente do suposto Coringa (Arthur Fleck), está na cena em que Arthur vai ao programa de Murray Franklin (interpretado por Robert De Niro). Momentos antes do tiro que matou o apresentador ao vivo, Murray comenta sobre os policiais que estão em coma por culpa de Arthur e comenta também que mais uma pessoa morreu por sua culpa (o palhaço que trabalhou com Arthur e que foi morto ao visitá-lo no seu apartamento). Esses dois casos eram totalmente desconhecidos por parte do apresentador Murray naquele momento, e haviam acabado de acontecer na imaginação de Arthur (naquele mesmo dia da apresentação do programa). Revela uma história da total imaginação de Arthur Fleck, que coloca a narrativa a sua maneira.

coringa - cena de Arthur Fleck no programa de tv

7 – A Cena Final – Morte dos Pais De Bruce Wayne

Como disse, a cena final toda, é a total reveladora da mecânica da trama. Um detalhe na direção e produção traz a real interpretação.

A cena da morte dos pais de Bruce Wayne, com a risada perturbada de Arthur Fleck ao fundo, revela ser uma cena totalmente dentro da mente de Arthur, possivelmente conhecedor da narrativa em quadrinhos. A grande sacada do autor e direção do filme, foi exatamente a sobreposição da risada do Arthur com o local e momento da morte dos pais de Bruce.

filme coringa -cena da morete dos pais de Bruce Wayne

8 – A Cena Final – A Última Piada

A mente de Arthur Fleck é tão perturbada, que ao começar a rir durante a conversa com a assistente social, e quando essa pergunta qual é a piada, Arthur diz que ela não iria entender.

Na mente de Arthur Fleck, seu imaginário continuo cria outra cena de morte, em que ele caminha pelo corredor do hospital psiquiátrico, com pegadas de sangue, possivelmente após matar (em seu imaginário) a assistente social com quem conversava,

coringa o filme - segredos revelados cena final

9 – O Padrão De Paredes Do Sanatório

O padrão de paredes brancas do sanatório, com tijolos a vista, acompanham a mente do imaginário de Arthur. Aparece na cena final (reveladora), na cena do interrogatório de Penny Fleck (mãe de Arthur), na cena com a assistente social imaginária e na cena da piada final. O ambiente do hospital psiquiátrico real se repete na imaginação de Arthur Fleck.

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10 – Bruce Wayne – Uma Criança Sem Reação

Um outro padrão do imaginário de Arthur Fleck, foi tornar o Bruce Wayne uma criança absolutamente sem reação e apática, obedecendo aos caprichos de sua perturbação mental. Sem reação a visita imaginária de Arthur a sua casa (a mansão de Thomas Wayne) – que criança se aproximaria de um estranho, a ponto de deixar esse estranho (Arthur) colocar os dedos em sua boca e forçar um sorriso com a bochecha. E vejam também que Bruce não expressa nenhuma reação ao ver seus pais serem assassinados a tiros por um palhaço maluco. A única reação foi um pequeno susto, quando o sangue de sua mãe jorrou em seu rosto. Depois permanece estático, obedecendo a imaginação de Arthur.

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Conclusão

Considero o personagem do palhaço assassino Coringa, um dos vilões mais admirados por parte do público. Em especial nesse filme, somos levados a acreditar que a história é real, penso que justamente pelo apego à imagem do Vilão Coringa como uma vítima do sistema absolutamente desigual. Vilão este que de certa forma representa a revolta dos oprimidos e a constante luta de classes.

Por esse motivo, para a interpretação correta desse filme, é necessário abrir mão desse certo amor pelo personagem, e usar absolutamente a razão na análise da forma como foi composto o filme. Eu também queria acreditar que toda a história fosse absolutamente real, ou pelo menos grande parte dela.

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